Há quanto tempo você não lê um livro que realmente gostaria?
Ultimamente tenho lido como há tempos não conseguia. Livros que eu escolhi, porque realmente queria lê-los e não porque deveria. Que há algum tempo queria ler e simplesmente não tinha tempo. E vi que tinha esquecido de como eu gosto de ler, de como a leitura é uma válvula de escape pra gente se desligar do mundo, pra ver outras realidades, pra expandir os horizontes. Aquelas velhas e batidas razões que os adultos nos davam para criarmos o hábito, nas quais sempre acreditei.
Desde criança sempre li bastante. Tive a sorte de crescer em um ambiente, tanto na escola quanto em casa, de estímulo ao gosto pelos livros. Mas confesso que, com o passar dos anos, a chegada do vestibular e seus milhares de conteúdos obrigatórios, a literatura ficou um pouco de lado - exceto a brasileira, claro, cujos clássicos obviamente se incluíam nos conteúdos programáticos dos exames.
Ao longo da faculdade, mal conseguia dar conta da carga pesada de leituras. Pilhas de textos, fichamentos e resenhas. Não que não fossem interessantes, muito pelo contrário; apenas não substituíam o prazer de ler com o simples propósito de entreter. Títulos que não diziam respeito aos estudos, ficção e poesias só mesmo nas férias.
Nessa, digamos assim, entressafra profissional, em que as coisas estão mais calmas e tenho tido mais tempo livre, tenho procurado preencher lacunas desses 4 anos de desleixo. Sim, porque cheguei à conclusão de que, se não li mais, foi por falta de organização. Como quase tudo na vida, é uma questão de planejamento, vamos admitir. E, depois desse primeiro passo, colocar a biblioteca em dia.
Minha lista é enorme, e sei que ela vai crescer indefinidamente, sem nunca chegar ao fim. E a sua?
*
Falando em biblioteca, gostaria de dividir com vocês que o meu sonho de consumo do momento é um Kindle. Sim, relutei durante meses, e como todo mundo achei por algum tempo que e-books eram uma loucura, que eu jamais leria coisa alguma em um aparelho eletrônico que imita livros porque nunca seria igual e que os livros de papel nunca iriam acabar.
Foi um processo gradual: primeiro veio o choque; depois, a conclusão de que os benefícios de um leitor digital como o da Amazon realmente seriam definitivos para o sucesso dos e-readers: nada mal ter na bolsa centenas de livros em um só, à distância de alguns cliques, leve como uma revista. Meses depois, eu já estava apostando com meu namorado quanto tempo levaria para que os livros digitais substituíssem os volumes de papel (é bom deixar claro que não digo que o livro vá acabar definitivamente. Afinal, quem sabe?).
O fato é que há 10 dias a Amazon divulgou que, pela primeira vez, a venda de e-books superou o número de livros com capa dura vendidos online. Na semana passada, o Kindle estava esgotado no site de vendas, o que gerou rumores de que um novo modelo poderia estar por vir. Batata!, diria Nelson Rodrigues: eis que hoje um comunicado de Jeff Bezos, fundador e CEO da Amazon, anunciava a terceira geração do Kindle. Design 20% menor, mas com a mesma área de leitura, e suas já atraentes funções aprimoradas. Ah, e uma versão mais barata de aparelhos, que não usam 3G, por $139. Restam dúvidas?
Ok, por maior que seja o meu revés tecnológico (tenho especial talento para danificar todos meus pertences eletrônicos), chegou a hora de admitir que eu também quero um Kindle.