domingo, 15 de agosto de 2010

Let's go down deeper

Há cerca de um mês, quando Inception teve sua première nos EUA, já fiquei na expectativa pelo filme. Aclamado mundialmente – é o 3º do ranking no IMDb -, estreou semana passada aqui no Brasil e, pelos mesmos motivos que não postei no blog nos últimos dias, não consegui assistir. Ontem, finalmente, pude ver com meus próprios olhos o espetáculo de filme que Christopher Nolan concebeu. Arrebatador.

A Origem propõe que o cenário de um crime seja a mente. Tudo é criado, projetado, arquitetado para ser o lugar/circunstância ideal para a quadrilha de Don Cobb (Leonardo di Caprio) agir. Acessando a mente do sujeito através de seu sonho, eles colocam planos em prática. Dentro do sonho, adormecem e o fazem novamente. Um sonho dentro de outro sonho. Entrar no sonho? Acredite: você não vai sequer ter vontade de questionar que raios de tecnologia é utilizada para isso. Não importa. A trama nos envolve de tal maneira que tudo que senti, particularmente, foi vontade de ver e ir fundo, mais e mais fundo, acompanhando os personagens em cada "nível" de sonho a que eles se arremessavam, sem piscar.

O roteiro é de tirar o fôlego. Pode parecer idiota, mas a primeira coisa que me vem à cabeça quando vejo algo genial e ousado assim é como uma ideia (que aqui partiu da cabeça de Nolan, que assina roteiro e direção do filme) pode ser concretizada de maneira tão convincente, cheia de detalhes e bem fundamentada. A conexão entre a psicanálise, os sonhos e o cinema é algo que existe de longa data... Se o que vimos é fruto do sonho ou de uma criação consciente de Nolan, não interessa. Inception é muita informação, e te faz querer absorvê-la por completo.



Di Caprio é um bandido calculista que invade a mente das pessoas e ao mesmo tempo é atormentado por suas lembranças, por ter perdido seu grande amor e mãe (Marion Cotillard) dos dois filhos que ele precisou deixar para trás. Cotillard arrasa desde sua primeira aparição na tela, aquela cara de louca, passional, incrível. Ellen Page não lembra em nada Juno, aparece madura, crescida, segura. Já adorava, agora gosto ainda mais. Joseph Gordon-Levitt, Michael Caine, Tom Hardy... o elenco dá a forma exata para as criações brilhantes de Nolan. Saí do cinema perturbada e encantada. À parte a meia dúzia que deixou a sala nos 15 minutos finais, acho que a maioria dos espectadores estava assim também.

Esse é o primeiro filme totalmente original do diretor desde sua estreia e já é considerado por muitos o ponto alto de sua carreira, pontuada pelas direções bem sucedidas de Batman (entre elas O Cavaleiro das Trevas, que deu a Heath Ledger o Oscar póstumo de Melhor Ator Coadjuvante). Certamente A Origem já tem garantidas algumas indicações ao Oscar, e se ganhar o de Melhor Roteiro Original terá sido no mínimo merecido. Aguardemos; ainda faltam seis meses.

Antes de assistir, li bastante coisa sobre o filme. E ao ver que na tradução para o português o filme se chamaria A Origem, receei que fosse mais um desses títulos mal traduzidos que vemos aos montes por aí. É bom poder concluir que não. Christopher Nolan mostrou que "inserir" uma ideia, "o parasita mais resistente" na mente de alguém pode mesmo ser a origem do caos.

Must see.

Próximas sessões:
Destinos Ligados (Mother and Child), dirigido por Rodrigo García, filho do Gabriel García Márquez e produzido por Alejandro Gonzalez Iñarritu – alguém mais achou a tradução em português mais Iñarritu impossível?

5x Favela – aplaudido em Cannes e premiado em Paulínia, Renata de Almeida Magalhães e Cacá Diegues produzem e apresentam 5 jovens cineastas da favela, que foram capacitados para retratar suas realidades e levá-las às telas. Só o projeto já vale!

Tropa de Elite 2 – tem gente dizendo que o sucesso de Capitão Nascimento & Cia se deve em grande parte à pirataria da qual o longa foi vítima. Duvido muito. Expectativas em órbita pra essa continuação, esperando não me decepcionar... A conferir.

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