sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Setembro

Amo Setembro. E desde que cheguei a tal conclusão a vida só me faz acumular mais motivos pra gostar tanto desse mês. Esse ano principalmente, depois de um agosto um tanto esquisito e cheio de sustos, o mês 9 veio pra mim como uma lufada de brisa fresca, um alívio providencial depois de tanta apreensão.

Minha simpatia por setembro tem várias razões: é setembro (né, Polly?), e embora o 7 corresponda a julho (mês em que nasci), é em setembro que o meu número favorito vem redondinho, escrito por extenso; setembro é o mês da primavera, mês em que o frio, em boa hora, vai dando lugar a dias floridos, ensolarados, solares. Apesar de até agora ele estar se alternando com um inverno teimoso que insiste em ficar, o calor de setembro ainda é agradável. No hemisfério sul e no norte também.

Em 2009, setembro passou também a me remeter a realização. A novas experiências, novas oportunidades, novas etapas. Há exatamente um ano, eu estava no ar, em sono leve, ainda atordoada, a caminho de algo cujo tamanho eu nem mesmo conseguia dimensionar (foram exatos vinte dias entre a notícia e o embarque). É mesmo um mês de sonhos.

Cheguei em Nova York em um dia chuvoso e cinzento de setembro, dia 11, aquele mesmo que pros americanos jamais terá algum significado além do mais triste de todos. Caos, trânsito, ruas fechadas (e US Open pra tumultuar ainda mais o negócio), frio e uma inegável melancolia ao redor. Soa egoísta mas, apesar de não estar alheia às circunstâncias, nada disso me aborreceria. Pelo menos pra mim, 11 de setembro de 2009 foi especial, diferente, a sacolejada que faltava. Cheguei. E aos poucos ficava cada vez mais nítido: "Dois meses na Big Apple todos seus. Make the most of it!"

Morar sozinha. Em outro país, na cidade que eu sempre quis. Com uma grande amiga (que por sinal compartilha da síndrome setembrina). Um trabalho, grande e trabalhoso trabalho, em outra língua, em um escritório com quatorze pessoas de diferentes partes do mundo, diferentes realidades, nacionalidades, religiões. Fim do Ramadan. Ver, com meus próprios olhos e in loco, os discursos de Lula e Obama na Assembleia Geral das Nações Unidas. Dezenas de novas caras. Novos lugares. Novos amigos. Impossível esquecer do começo, daquele fim de verão gostoso, das primeiras 2 semanas de 2 meses maravilhosos.

Sempre recriminei pessoas nostálgicas demais. Acredito que os bons momentos são o que há de melhor no passado, mas pra frente é que se anda. E, se houve algo bom ontem, nada impede de haver outros tantos agora, amanhã, depois. Mas hoje me permito ser nostálgica e dizer que, se setembro era um mês único, em 2009 ele conquistou o posto de hors concours. Deu saudade.
Segunda-feira começo uma nova etapa (olha setembro aí outra vez!). Um trabalho novo, diferente de tudo que já fiz, onde finalmente vou experimentar aquilo que está na essência da profissão de jornalista. Espero ansiosa, porém calma e feliz, principalmente por saber que os ventos de setembro sempre trazem coisas boas. Eles nunca me desapontaram.

***

* Para meu consolo, NY estará sempre lá; e Setembro tem todo ano. Vou curtir minha nostalgia vendo Sex and the City. Ah, não contei, né? No nosso 1º fim de semana, perdidas no Village, Polly e eu encontramos a Sarah Jessica Parker lá também. Cadê a surpresa? Sim, era setembro!

* Todo casal tem sua música-tema; Earth, Wind & Fire canta a nossa. September e eu.

Ba de ya - say do you remember
Ba de ya - dancing in September
Ba de ya - never was a cloudy day