quinta-feira, 29 de julho de 2010

Livros?

Há quanto tempo você não lê um livro que realmente gostaria?

Ultimamente tenho lido como há tempos não conseguia. Livros que eu escolhi, porque realmente queria lê-los e não porque deveria. Que há algum tempo queria ler e simplesmente não tinha tempo. E vi que tinha esquecido de como eu gosto de ler, de como a leitura é uma válvula de escape pra gente se desligar do mundo, pra ver outras realidades, pra expandir os horizontes. Aquelas velhas e batidas razões que os adultos nos davam para criarmos o hábito, nas quais sempre acreditei.

Desde criança sempre li bastante. Tive a sorte de crescer em um ambiente, tanto na escola quanto em casa, de estímulo ao gosto pelos livros. Mas confesso que, com o passar dos anos, a chegada do vestibular e seus milhares de conteúdos obrigatórios, a literatura ficou um pouco de lado - exceto a brasileira, claro, cujos clássicos obviamente se incluíam nos conteúdos programáticos dos exames.

Ao longo da faculdade, mal conseguia dar conta da carga pesada de leituras. Pilhas de textos, fichamentos e resenhas. Não que não fossem interessantes, muito pelo contrário; apenas não substituíam o prazer de ler com o simples propósito de entreter. Títulos que não diziam respeito aos estudos, ficção e poesias só mesmo nas férias.

Nessa, digamos assim, entressafra profissional, em que as coisas estão mais calmas e tenho tido mais tempo livre, tenho procurado preencher lacunas desses 4 anos de desleixo. Sim, porque cheguei à conclusão de que, se não li mais, foi por falta de organização. Como quase tudo na vida, é uma questão de planejamento, vamos admitir. E, depois desse primeiro passo, colocar a biblioteca em dia.

Minha lista é enorme, e sei que ela vai crescer indefinidamente, sem nunca chegar ao fim. E a sua?


*


Falando em biblioteca, gostaria de dividir com vocês que o meu sonho de consumo do momento é um Kindle. Sim, relutei durante meses, e como todo mundo achei por algum tempo que e-books eram uma loucura, que eu jamais leria coisa alguma em um aparelho eletrônico que imita livros porque nunca seria igual e que os livros de papel nunca iriam acabar.

Foi um processo gradual: primeiro veio o choque; depois, a conclusão de que os benefícios de um leitor digital como o da Amazon realmente seriam definitivos para o sucesso dos e-readers: nada mal ter na bolsa centenas de livros em um só, à distância de alguns cliques, leve como uma revista. Meses depois, eu já estava apostando com meu namorado quanto tempo levaria para que os livros digitais substituíssem os volumes de papel (é bom deixar claro que não digo que o livro vá acabar definitivamente. Afinal, quem sabe?).

O fato é que há 10 dias a Amazon divulgou que, pela primeira vez, a venda de e-books superou o número de livros com capa dura vendidos online. Na semana passada, o Kindle estava esgotado no site de vendas, o que gerou rumores de que um novo modelo poderia estar por vir. Batata!, diria Nelson Rodrigues: eis que hoje um comunicado de Jeff Bezos, fundador e CEO da Amazon, anunciava a terceira geração do Kindle. Design 20% menor, mas com a mesma área de leitura, e suas já atraentes funções aprimoradas. Ah, e uma versão mais barata de aparelhos, que não usam 3G, por $139. Restam dúvidas?

Ok, por maior que seja o meu revés tecnológico (tenho especial talento para danificar todos meus pertences eletrônicos), chegou a hora de admitir que eu também quero um Kindle.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Quem me ensinou sobre folhetins

Folhetins. Meus queridos e fascinantes romances-folhetins! Eu sabia que um dia esse assunto viria para o blog, só não imaginava que seria tão cedo. Um acontecimento no início dessa semana só fez com que eu antecipasse o post (que já prevejo não ser o único sobre o tema).

Há pouco mais de um ano defendi meu projeto final da faculdade. O título, "Jornalismo e dramaticidade: a folhetinização dos fatos nos produtos jornalísticos". Em palavras não tão acadêmicas, a influência de características do folhetim - variação de romance surgida na França do século XIX – no noticiário atual. Por iniciativa de Émile de Girardin, em 1836 romances começaram a ser publicados em pedaços diariamente no jornal, ocupando o rodapé das páginas, denominado feuilleton. Surgiu assim o feuilleton-roman, ou o romance-folhetim.

Numa época em que o romance é o gênero literário dominante, o folhetim aparece como uma nova concepção de lançamento de ficção. Antes preenchido pelas chamadas variedades, o espaço virou lugar de publicação das histórias romanceadas picotadas, distribuídas diariamente ao longo das edições. A iniciativa deu origem a um fiel público consumidor, que incorporou o hábito de ler o jornal incitado pelos romances publicados, fatiados, e esperar ansiosamente pelo desenrolar das tramas, pelos novos acontecimentos que viriam no número seguinte. Quase dois séculos depois, alguma semelhança com as novelas, ops, coberturas midiáticas do caso X ou Y, cujos capítulos acompanhamos diariamente?

Enfim, mesmo depois de estudá-lo exaustivamente continuo amando o tema e discutiria aqui laudas e laudas sobre ele. Mas sejamos objetivos. O fato é que para escrever com propriedade sobre o fenômeno mergulhei de cabeça naquele universo e me apaixonei. Tive o prazer de dividir meus dias com a pesquisa incrível da ensaísta Marlyse Meyer acerca do tema. Seu livro “Folhetim, uma história” (Companhia das Letras, 1996), vencedor do Prêmio Jabuti de 1997, é a bíblia do assunto que escolhi estudar, obra de referência da minha monografia. Virou livro de cabeceira por 4 meses e entrou pra minha lista de textos inesquecíveis. Fruto de uma pesquisa gigantesca, é fundamental para compreender como aquele feuilleton-roman francês do século XIX contribuiu para a consolidação do jornal como veículo na França e originou gêneros que caracterizam nossa cultura popular, como os romances literários, o rádioteatro, a telenovela.

Marlyse faleceu na última segunda-feira, dia 19 de julho, aos 86 anos. Achei oportuno falar desse trabalho e de certa maneira homenagear essa estudiosa fantástica, por sua contribuição e importância para a crítica e a produção literária brasileira. O post de adeus à escritora no blog da Companhia das Letras traz um trecho em que o crítico literário Davi Arrigucci Jr explica perfeitamente porque o texto de Marlyse Meyer me marcou tanto:

“[...] é uma leitora capaz de contar o que leu. Narra e dramatiza suas leituras. Ao narrar, revela a consciência do processo e de seus percalços, explicitando os bastidores de seu modo de ler. Esse teatro da leitura recorrente em seus textos é um dos encantos de seu método de exposição. Aproxima-nos, além disso, da matéria, por mais espinhosa que seja, envolvendo-nos, sem nenhuma empáfia, como parceiros iguais, no ato plenamente humano de comunicação da palavra”.*


Bom final de semana.


*Trecho do ensaio “A imaginação andarilha”, dedicado a Marlyse Meyer e presente no livro “O guardador de segredos” (Companhia das Letras, 2010).

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Estreia

Começa aqui o blog de uma jornalista recém-formada, ainda tentando se encontrar entre tantas possibilidades oferecidas pelo campo da Comunicação. De uma coisa, no entanto, tem certeza: atriz e apaixonada pelas artes, vê no universo cultural o seu lugar.

Ambos ofícios - Teatro e Jornalismo - tem sua base na arte da observação. São formas de expressão que, mesmo servindo a finalidades distintas, compartilham o uso de personagens, a descrição de ações, o realce de detalhes. E assim nos proporcionam diferentes olhares e abordagens para uma mesma história.

É este um dos meus hobbies favoritos: olhar, apreciar, observar. Aproveitar o dom que temos de ver as coisas, ora com nossos próprios olhos, ora sob a visão de alguém - um escritor, um encenador, uma atriz, um repórter.

Neste espaço, quero dividir com você a minha visão sobre algumas paixões: teatro, cinema, literatura; idiomas, lugares, culturas; e é claro, comunicação, jornalismo e novas mídias. Sempre buscando compartilhar Tudo o que eu queria ver se estivesse lendo este blog.

Enjoy!