domingo, 3 de julho de 2011

domingo, 16 de janeiro de 2011

Da Web, pro livro, pra tela

Aproveitando a abertura da temporada de premiações, que começa hoje com o Globo de Ouro, vou falar aqui da obra que rivaliza com meu idolatrado 'Inception' na disputa pelos principais prêmios do cinema em 2010: 'A Rede Social'. Mas não vou discutir aqui as virtudes do filme de David Fincher; o longa fez por merecer as indicações e prêmios que já vem colecionando. Achei ótimo! Personagens, conflitos, trilha, tudo no seu devido lugar, roteiro muito bem adaptado do livro de Ben Mezrich. Na verdade, é dele que eu vim falar!

Eis o que mais me inquieta quando se trata de 'A Rede Social': a obra que o originou. A história da criação do Facebook - sem o depoimento do seu mentor. Cuma? Ok, como toda produção baseada em histórias reais, 'Bilionários por acaso', título do livro, é uma versão dos fatos. Interessantíssima, diga-se de passagem. Romanceada por Mezrich e composta por depoimentos de Eduardo Saverin, dos gêmeos Winklevoss e quem mais estivesse disposto a contribuir - não foi o caso de Mark Zuckerberg. Esse simples fato fez com que, em momento algum, eu parasse de questionar: 'será que a história é essa mesmo?'

Se fosse ficção, estaria totalmente OK. Mas sei lá... Lord Zuckerberg não quis falar. Pensamento meio jornalístico, talvez, mas cadê aquele negócio em que todas as partes envolvidas devem ser ouvidas? Pra quê, né? O relato de uma briga judicial com um quê de biografia não-autorizada envolvendo a rede social que mais cresce no planeta seria suficiente para alavancar a obra, transformá-la num best seller e faturar milhões nas bilheterias.

O livro caiu nas minhas mãos em outubro, e com prazer devorei suas 200 e poucas páginas. Mas desde que li a sessão explicativa em que o autor, logo na abertura do livro, justificava a eventual falta de exatidão nos fatos ali relatados... o que era aquilo? Licença poética para inventar? A sensação é de que o protagonista da trama não tem falas próprias. E todas as que lhe foram atribuídas transformaram Zuckerberg em um monstrinho nerd, sem coração, ingrato, ladrão de ideias alheias. Será que é pra tanto? Hmm.

Mark Zuckerberg de fato é um personagem excêntrico, inteligente, um grande cérebro. A controversa história da criação do Facebook também é instigante, desperta a curiosidade de qualquer um. Queria de verdade saber o que ele pensa. Mas o que me deixa mais intrigada nisso tudo é que o genial Zuckerberg é uma ostra, mas fez todo mundo se abrir. Sua própria versão ele não conta mas, ironicamente, com os seus, os meus, os nossos dados, ficou rico. E aos 23 anos já era um dos bilionários mais jovens do mundo.


Capa de dezembro da TIME, com Mark Zuckerberg, Person of The Year. Detalhe percebido pelo meu chefe e que julguei fazer muito sentido: esse reflexo mais escuro, vertical, perto da pupila, não deixa o olho de Zuckerberg parecido com o de uma cobra? Ui, maquiavélico. Muahaha!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Paris vs NYC

Mesmo sem nunca ter ido a Paris, tenho uma quase certeza de que a cidade-luz vai disputar de igual pra igual com Nova York - pela qual tenho uma paixão que não escondo de ninguém - o posto de minha favorita no mundo. Às vezes me acho um pouco um misto das duas coisas. As duas são cosmopolitas, urbanas, movimentadas... mas também diferem em aspectos marcantes. Por incrível que pareça, cof cof, consigo me identificar com ambos.

Quando penso em Nova York, me vem o cheiro de café do Starbucks, dos diners, do açúcar da Magnolia Bakery; o vento de outono no rosto, as luzes histriônicas da Tiring Square, uma profusão de cores intercaladas com o cinza bruto de Manhattan.

Minhas impressões de Paris são distantes: de filmes, fotos, músicas e aromas que chegam até o lado de cá. Nada disso é suficiente pra compor a percepção que só uma visita à cidade vai me proporcionar. Nunca um lugar é do jeito que a gente imagina. Mesmo sabendo disso tudo, é impossível não imaginar Paris como um lugar romântico, antigo, clássico... delicado.

É isso: NYC é bruta, high tech, moderna, urgente. Paris é iluminada, classuda, romântica, eterna. Esse blá-blá-blá todo é porque preciso dividir aqui o que encontrei no blog Paris vs NYC, da francesa Vahram Muratyan, que ama Nova York: imagens geniais usando o binômio Paris-New York. Melhor conferir.



Très difficile to choose



'Stand clear of the closing doors, please'. Ou s'il vous plaît?



C'est genial!











Esse é demais!



A melhor: young, toujours!



segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Homesick

Pela primeira vez em três semanas, passei um dia inteiro em casa. Uma sucessão de viagens, plantões e afins me afastaram do meu querido lar, e pude constatar que poucas coisas podem me perturbar mais do que a distância dele. Amo viajar, não me entendam mal. E também não sou daquelas que ficam satisfeitas com a monotonia de não precisar ir à rua. Gosto de rotina e ordem, mas quebrá-las - de vez em sempre - é essencial.

Passei o dia entre minhas coisas, finalizando a matéria dessa semana, organizando o monte de papéis que só faziam se acumular e a pilha de revistas, abandonadas na escrivaninha, que ainda pretendo terminar de ler. Que falta eu senti de ver as coisas em ordem! Aflição toda vez que chegava ao meu quarto, destruída, e só tinha forças para pegar uma roupa, tomar um banho, conectar o carregador ao celular e ajustar o despertador. Arrumar meu canto tornou-se um luxo. E só pessoas que prezam pela organização (acho maníaca uma palavra... hm, forte) sabem o quanto isso é doloroso. Virei turista do meu próprio aposento.

O pico de saudade veio semana passada, quando estava em São Paulo, em meio à cobertura da Futurecom - meu primeiro grande evento desde que entrei no jornal, que merece um post à parte. Depois de perambular durante horas e horas em uma feira enorme, com sei lá quantas paradas em dezenas de estandes divididos em 3 pavilhões do Transamerica Expo Center, chegar ao quarto do hotel deveria proporcionar a sensação de estar em casa. Normalmente, é assim que acontece comigo. Cadê? Tudo o que senti foi uma inquietude, uma ansiedade, uma vontade enorme de entrar no 1º avião com o destino ao Rio - pelo amor de Deus, ' à felicidade' é brega demais.

Senti uma ponta de remorso por estar em SP, na capital econômica, cultural, gastronômica & etc do país e conseguir querer estar em casa. Nas CNTP, o normal seria eu não querer ir embora - como eu sempre me imagino quando penso em Sampa. Olhando agora, passada a crise, vejo que o cansaço e o acúmulo de noites e noites longe de casa explicam meu homesick moment. E me sinto melhor.

Pastas organizadas, bagunça em ordem, sopinha da mamãe e energias renovadas, tô pronta pra outra ponte aérea. Mas só me chamem quando eu acordar.


sábado, 9 de outubro de 2010

Tropa 2: Faca na caveira

Como grande parte da massa que desde ontem se concentra nos cinemas brasileiros, eu também estava louca para assistir Tropa de Elite 2. E qual não foi a minha surpresa quando meu querido editor perguntou se eu queria 2 convites cedidos pelos patrocinadores do filme para assistir à pré-estreia, na quinta-feira? Se eu queria? É pra responder mesmo? :)

Lá fomos nós, o boyfriend e eu, felizes, ter nossos celulares lacrados na entrada do cinema - sim, a estratégia neurótica de segurança de José Padilha contra a pirataria chegou a esse ponto. Mas quem se importa, né? Confisquem! Tudo pelo amor à arte e pela defesa dos direitos autorais.

O filme

Minhas expectativas, baseadas na primeira versão, - e também no fato de que os produtores não se contentariam com algo inferior a ela - eram as maiores possíveis. E foram absolutamente correspondidas. Tropa 2 é muito bom! Tem tudo o que fez do primeiro um grande longa, com um adicional: potencializa seu caráter de crítica social ao trazer a questão das milícias como tema central - algo que já sabíamos desde que começaram a pipocar informações sobre o filme na imprensa, mas que fez toda a diferença.

O roteiro de Padilha e Bráulio Mantovani é ótimo. Mais complexo que o anterior, articula bem os elementos que contam a história do agora Coronel Nascimento, 10 anos mais velho. E mantém as doses de ironias e bordões que, em meio a tanto sangue, tiro e conflito, conseguiram dar a um filme pesado alguns momentos leves. As cenas aéreas são muito bem feitas, as ações todas muito convincentes. Wagner Moura - nunca me cansarei de falar - incrível, p#$% ator. Neste segundo filme, Nascimento aparece mais humano, mais falível, menos herói. Gostei. E Seu Jorge? Gente, que máximo ver Seu Jorge tão bem, tão dentro do papel. hahaha Culpa de Fátima Toledo?

Tocando na ferida

A história que Tropa 2 se propõe a contar é, mais uma vez, a da violência, da guerra urbana na cidade do Rio, da força bruta do Bope e dos policiais corruptos. Mas a abordagem, ainda que na ficção, da ligação do Estado com a máfia miliciana foi o elemento novo, a coisinha a mais para o espectador pensar quando sai do cinema. Não queria entrar nesse blá blá blá de choque de realidade porque os arrastões, os assaltos e o crime organizado estão aí o tempo todo pra nos lembrar do que nos cerca. Mas, na minha esperança romântica e utópica, mostrar como os políticos* participam desse cenário imundo e de insegurança generalizada em que vivemos talvez faça o público refletir que, em algum momento, também somos coniventes com o sistema. Votamos, colocamos os bandidos de terno todos lá. Peraí, a eleição não foi semana passada? Bad timing. #fail

Parênteses. A pergunta que todo ser pensante provavelmente vai fazer, espontaneamente, eu também fiz: por que RAIOS esse filme não estreou antes das eleições? 'Leis de incentivo a cultura e apoio da Prefeitura do Rio devem explicar', pensei. Estrear exatamente 3 anos após o 1º, em 8 de outubro, foi a desculpa que encontraram pra não dizerem que a arte no Brasil, para ter recursos, acaba precisando se submeter ao poder público antes de falar mal dele. Fecha parênteses.

A situação do Rio de Janeiro dá a Tropa de Elite 2 o luxo de dispensar a tecnologia 3D. Ele tem a seu favor uma bela ambientação que acontece antes do público entrar no cinema e continua quando as pessoas voltam pra casa. Sim, porque, no momento em que eu deixava o shopping onde assisti o filme, bandidos roubavam um carro 2 ruas atrás. E no bairro vizinho outro bando de criminosos invadia um prédio. Tá bom pra você?



* Dá raiva ouvir políticos dizerem no horário eleitoral que "o Rio hoje vive em paz". Paz? Defina, por favor. Não é da mesma coisa que estamos falando.



quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Persona

Felizes são os escritores. Os ficcionistas, eu quero dizer. Sim, porque eles podem fazer o que quiserem e seus personagens jamais irão reclamar. É sobre isso que venho pensando nos últimos dias: como o indivíduo retratado em um texto pode intervir no trabalho de quem escreve. No caso, o jornalista.

O repórter faz perguntas, o interlocutor responde como lhe convém. Seleciona o que vai dizer de acordo com o que interessa a ele que seja publicado. Quem escreve tem o compromisso de ser fiel àquelas respostas, ou ao menos às ideias gerais nelas contidas. Texto publicado: que atire a primeira pedra o jornalista que nunca teve uma personagem que se rebelou quando viu o produto final.

Por mais cauteloso e isento que tente ser, o criador corre o risco de desagradar a criatura (que não foi criada por ele, diga-se de passagem). Fico imaginando como deve ser difícil o trabalho de um biógrafo, principalmente de obras autorizadas, quando na maioria das vezes toda sua produção está sujeita à aprovação do seu "objeto" de estudo. Não bastasse o gigantesco processo de pesquisa, ele tem diante de si uma vida a retratar que é, ao mesmo tempo, um filtro. Uma peneira que pode pegar justamente os caroços que enriquecem uma história.

E os dramaturgos? Estes sim vivem situação curiosa: criam a personagem da maneira que entendem ser melhor para a trama. Aí vem o ator, todo metido à besta, e transforma o X em Y. Às vezes, o resultado final é melhor que a ideia inicial. Em outras, é catastrófico. Problemas no processo podem até levar a consequências "mais graves". Pra facilitar, o criador mata a criatura. Ou inventa uma viagem, um final feliz antecipado e, de quebra, se livra do intérprete problemático. E o jornalista? Faz o quê?

Bons jornalistas, tenho aprendido, são aqueles que não se permitem pautar pelo entrevistado. Conseguem extrair não o que ele deseja dizer, mas o que realmente importa para aquela matéria. O que motivou a escolha daquela pauta, em meio a tantas outras. Fiel às respostas, ciente do que escreve - e, nunca é demais, seguro graças a belas provas concretas. O gravador pode ser o melhor amigo.

Construir personagens é uma delícia. Imaginar como seria alguém, buscar sentir o que esse alguém sentiria, determinar e executar suas ações... (Stanislavski explica melhor que eu). Mas tão desafiante quanto é trazer quem já existe para o papel.


***

Uma pessoa que detesta coisas desatualizadas e "abandona" seu blog à própria sorte durante um mês merece o quê?
R: Sentir-se mal e voltar ao bloco de notas quando constata que estava morrendo de saudades de escrever aqui. E enfiar na cabeça que falta de tempo não pode virar desculpa para não postar. Dealt!*

*Que drama, mas ok. Tem a ver com nossos temas aqui.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Setembro

Amo Setembro. E desde que cheguei a tal conclusão a vida só me faz acumular mais motivos pra gostar tanto desse mês. Esse ano principalmente, depois de um agosto um tanto esquisito e cheio de sustos, o mês 9 veio pra mim como uma lufada de brisa fresca, um alívio providencial depois de tanta apreensão.

Minha simpatia por setembro tem várias razões: é setembro (né, Polly?), e embora o 7 corresponda a julho (mês em que nasci), é em setembro que o meu número favorito vem redondinho, escrito por extenso; setembro é o mês da primavera, mês em que o frio, em boa hora, vai dando lugar a dias floridos, ensolarados, solares. Apesar de até agora ele estar se alternando com um inverno teimoso que insiste em ficar, o calor de setembro ainda é agradável. No hemisfério sul e no norte também.

Em 2009, setembro passou também a me remeter a realização. A novas experiências, novas oportunidades, novas etapas. Há exatamente um ano, eu estava no ar, em sono leve, ainda atordoada, a caminho de algo cujo tamanho eu nem mesmo conseguia dimensionar (foram exatos vinte dias entre a notícia e o embarque). É mesmo um mês de sonhos.

Cheguei em Nova York em um dia chuvoso e cinzento de setembro, dia 11, aquele mesmo que pros americanos jamais terá algum significado além do mais triste de todos. Caos, trânsito, ruas fechadas (e US Open pra tumultuar ainda mais o negócio), frio e uma inegável melancolia ao redor. Soa egoísta mas, apesar de não estar alheia às circunstâncias, nada disso me aborreceria. Pelo menos pra mim, 11 de setembro de 2009 foi especial, diferente, a sacolejada que faltava. Cheguei. E aos poucos ficava cada vez mais nítido: "Dois meses na Big Apple todos seus. Make the most of it!"

Morar sozinha. Em outro país, na cidade que eu sempre quis. Com uma grande amiga (que por sinal compartilha da síndrome setembrina). Um trabalho, grande e trabalhoso trabalho, em outra língua, em um escritório com quatorze pessoas de diferentes partes do mundo, diferentes realidades, nacionalidades, religiões. Fim do Ramadan. Ver, com meus próprios olhos e in loco, os discursos de Lula e Obama na Assembleia Geral das Nações Unidas. Dezenas de novas caras. Novos lugares. Novos amigos. Impossível esquecer do começo, daquele fim de verão gostoso, das primeiras 2 semanas de 2 meses maravilhosos.

Sempre recriminei pessoas nostálgicas demais. Acredito que os bons momentos são o que há de melhor no passado, mas pra frente é que se anda. E, se houve algo bom ontem, nada impede de haver outros tantos agora, amanhã, depois. Mas hoje me permito ser nostálgica e dizer que, se setembro era um mês único, em 2009 ele conquistou o posto de hors concours. Deu saudade.
Segunda-feira começo uma nova etapa (olha setembro aí outra vez!). Um trabalho novo, diferente de tudo que já fiz, onde finalmente vou experimentar aquilo que está na essência da profissão de jornalista. Espero ansiosa, porém calma e feliz, principalmente por saber que os ventos de setembro sempre trazem coisas boas. Eles nunca me desapontaram.

***

* Para meu consolo, NY estará sempre lá; e Setembro tem todo ano. Vou curtir minha nostalgia vendo Sex and the City. Ah, não contei, né? No nosso 1º fim de semana, perdidas no Village, Polly e eu encontramos a Sarah Jessica Parker lá também. Cadê a surpresa? Sim, era setembro!

* Todo casal tem sua música-tema; Earth, Wind & Fire canta a nossa. September e eu.

Ba de ya - say do you remember
Ba de ya - dancing in September
Ba de ya - never was a cloudy day