domingo, 16 de janeiro de 2011

Da Web, pro livro, pra tela

Aproveitando a abertura da temporada de premiações, que começa hoje com o Globo de Ouro, vou falar aqui da obra que rivaliza com meu idolatrado 'Inception' na disputa pelos principais prêmios do cinema em 2010: 'A Rede Social'. Mas não vou discutir aqui as virtudes do filme de David Fincher; o longa fez por merecer as indicações e prêmios que já vem colecionando. Achei ótimo! Personagens, conflitos, trilha, tudo no seu devido lugar, roteiro muito bem adaptado do livro de Ben Mezrich. Na verdade, é dele que eu vim falar!

Eis o que mais me inquieta quando se trata de 'A Rede Social': a obra que o originou. A história da criação do Facebook - sem o depoimento do seu mentor. Cuma? Ok, como toda produção baseada em histórias reais, 'Bilionários por acaso', título do livro, é uma versão dos fatos. Interessantíssima, diga-se de passagem. Romanceada por Mezrich e composta por depoimentos de Eduardo Saverin, dos gêmeos Winklevoss e quem mais estivesse disposto a contribuir - não foi o caso de Mark Zuckerberg. Esse simples fato fez com que, em momento algum, eu parasse de questionar: 'será que a história é essa mesmo?'

Se fosse ficção, estaria totalmente OK. Mas sei lá... Lord Zuckerberg não quis falar. Pensamento meio jornalístico, talvez, mas cadê aquele negócio em que todas as partes envolvidas devem ser ouvidas? Pra quê, né? O relato de uma briga judicial com um quê de biografia não-autorizada envolvendo a rede social que mais cresce no planeta seria suficiente para alavancar a obra, transformá-la num best seller e faturar milhões nas bilheterias.

O livro caiu nas minhas mãos em outubro, e com prazer devorei suas 200 e poucas páginas. Mas desde que li a sessão explicativa em que o autor, logo na abertura do livro, justificava a eventual falta de exatidão nos fatos ali relatados... o que era aquilo? Licença poética para inventar? A sensação é de que o protagonista da trama não tem falas próprias. E todas as que lhe foram atribuídas transformaram Zuckerberg em um monstrinho nerd, sem coração, ingrato, ladrão de ideias alheias. Será que é pra tanto? Hmm.

Mark Zuckerberg de fato é um personagem excêntrico, inteligente, um grande cérebro. A controversa história da criação do Facebook também é instigante, desperta a curiosidade de qualquer um. Queria de verdade saber o que ele pensa. Mas o que me deixa mais intrigada nisso tudo é que o genial Zuckerberg é uma ostra, mas fez todo mundo se abrir. Sua própria versão ele não conta mas, ironicamente, com os seus, os meus, os nossos dados, ficou rico. E aos 23 anos já era um dos bilionários mais jovens do mundo.


Capa de dezembro da TIME, com Mark Zuckerberg, Person of The Year. Detalhe percebido pelo meu chefe e que julguei fazer muito sentido: esse reflexo mais escuro, vertical, perto da pupila, não deixa o olho de Zuckerberg parecido com o de uma cobra? Ui, maquiavélico. Muahaha!

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