No dia em que deu o último suspiro em seu formato original, o Jornal do Brasil de fato desapareceu das bancas. E tanta gente comentando sobre a dificuldade de encontrar a edição derradeira do JB me fez ter a curiosidade de checar com o jornaleiro da minha esquina ainda há pouco: todos os exemplares evaporaram por aqui também; todo mundo resolveu comprar a relíquia.
A partir de amanhã, o JB será o primeiro jornal do país a estar disponível apenas na internet. O fim da versão impressa do veículo que no passado foi referência no jornalismo brasileiro, de tamanhas importância e participação na história do país, é para muitos um retrocesso. Mas é também inútil se recusar a enxergar que talvez seja esse o caminho para onde o jornal impresso em geral deve seguir (o caso do JB, como sabemos, não se trata de um ato de vanguarda ou de consciência ecológica como a empresa chegou a alegar).
Em chat no portal Comunique-se, Luis Nassif afirmou hoje acreditar no fim dos jornais em papel. Segundo o jornalista, não há como concorrer com iPads, Kindles e outros gadgets leitores eletrônicos da vida. Concordo, pelo simples fato de que um dia será impossível competir com a velocidade da internet. E concordo mais ainda quando Nassif diz que "os jornais atuais não estão preparados para a interatividade da web". Além do editor, o jornalista agora tem que aprender a lidar com o leitor comentando e criticando, em tempo real, o conteúdo que lhe é oferecido. É como se a seção "cartas do leitor" tivesse ganho uma dimensão imensurável, e estivesse aí pra quem quisesse ler. Na verdade ela está, e sua carta não depende da boa vontade de alguém para ser publicada na edição do dia seguinte.
Entrei na faculdade de jornalismo quando esse processo - revolução digital, convergência de mídias, tudoaomesmotempoagora a.k.a. a era da informação - estava já em ebulição. Processo que todos tentamos, mas simplesmente não podemos precisar onde vai chegar. As teorias da comunicação como aprendemos nos primeiros períodos já não condizem com o que vemos na prática. O outrora receptor recebe, mas também emite, produz conteúdo, colabora. Os papéis desempenhados pelo comunicador estão sendo redefinidos, readaptados a realidades que estamos descobrindo junto com o resto do mundo. E posso falar? Adoro o fato de estar vivendo e vendo todas essas mudanças com meus próprios olhos.
Nasci no final da década de 80. Brinquei na rua; fiz dever de casa sem ajuda da internet; pesquisei na Barsa da minha avó e na biblioteca do colégio para trabalhos (escritos em papel almaço); escrevi diários em caderninhos; "marchei soldado" com chapéu de jornal. Mas também tive "tamagochi". No início da adolescência tive meu 1º celular pré-pago, mas lembro bem da época em que era possível e absolutamente normal viver e sair na rua sem telefone. Meus primos de 10 anos jamais saberão o que é isso. Assim como, daqui a um bom tempo, meus netos vão se admirar ao saber que naquela época em que nasci jornal era sinônimo de papel.
Em resumo, faço parte de uma geração privilegiada que pôde viver os dois mundos, o "analógico" e o digital, ainda que por tempo determinado. Aguardo ansiosa o que está por vir, o que vai continuar interferindo e definindo os rumos da profissão que escolhi, e que pretendo exercer em quaisquer que sejam as plataformas.
A partir de amanhã, o JB será o primeiro jornal do país a estar disponível apenas na internet. O fim da versão impressa do veículo que no passado foi referência no jornalismo brasileiro, de tamanhas importância e participação na história do país, é para muitos um retrocesso. Mas é também inútil se recusar a enxergar que talvez seja esse o caminho para onde o jornal impresso em geral deve seguir (o caso do JB, como sabemos, não se trata de um ato de vanguarda ou de consciência ecológica como a empresa chegou a alegar).
Em chat no portal Comunique-se, Luis Nassif afirmou hoje acreditar no fim dos jornais em papel. Segundo o jornalista, não há como concorrer com iPads, Kindles e outros gadgets leitores eletrônicos da vida. Concordo, pelo simples fato de que um dia será impossível competir com a velocidade da internet. E concordo mais ainda quando Nassif diz que "os jornais atuais não estão preparados para a interatividade da web". Além do editor, o jornalista agora tem que aprender a lidar com o leitor comentando e criticando, em tempo real, o conteúdo que lhe é oferecido. É como se a seção "cartas do leitor" tivesse ganho uma dimensão imensurável, e estivesse aí pra quem quisesse ler. Na verdade ela está, e sua carta não depende da boa vontade de alguém para ser publicada na edição do dia seguinte.
Entrei na faculdade de jornalismo quando esse processo - revolução digital, convergência de mídias, tudoaomesmotempoagora a.k.a. a era da informação - estava já em ebulição. Processo que todos tentamos, mas simplesmente não podemos precisar onde vai chegar. As teorias da comunicação como aprendemos nos primeiros períodos já não condizem com o que vemos na prática. O outrora receptor recebe, mas também emite, produz conteúdo, colabora. Os papéis desempenhados pelo comunicador estão sendo redefinidos, readaptados a realidades que estamos descobrindo junto com o resto do mundo. E posso falar? Adoro o fato de estar vivendo e vendo todas essas mudanças com meus próprios olhos.
Nasci no final da década de 80. Brinquei na rua; fiz dever de casa sem ajuda da internet; pesquisei na Barsa da minha avó e na biblioteca do colégio para trabalhos (escritos em papel almaço); escrevi diários em caderninhos; "marchei soldado" com chapéu de jornal. Mas também tive "tamagochi". No início da adolescência tive meu 1º celular pré-pago, mas lembro bem da época em que era possível e absolutamente normal viver e sair na rua sem telefone. Meus primos de 10 anos jamais saberão o que é isso. Assim como, daqui a um bom tempo, meus netos vão se admirar ao saber que naquela época em que nasci jornal era sinônimo de papel.
Em resumo, faço parte de uma geração privilegiada que pôde viver os dois mundos, o "analógico" e o digital, ainda que por tempo determinado. Aguardo ansiosa o que está por vir, o que vai continuar interferindo e definindo os rumos da profissão que escolhi, e que pretendo exercer em quaisquer que sejam as plataformas.